quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Balthus Caladash

Na medida em que avançávamos pelo corredor escuro, minha memória latejava em lembranças do porque estava ali naquele lugar fétido à procura de uma arma mística, para uma missão maior ainda, capaz de decidir o destino de raças inteiras. Comecei a lembrar de minha vida até aquele momento, fazendo uma reviravolta em minha mente.

Há 25 anos, eu nasci na esplendorosa e magnífica cidade Deheon, onde passei a maior parte de minha vida. Foi onde meu pai Balthanus Caladash conheceu minha adorada mãe Vahalha, e de onde nunca mais quiseram sair, pois meu pai um mercador que leva à sério todas suas atribuições para com a família e o comercio local, não pode mais realizar longas viagens devido um ferimento em suas pernas, o que faz com que ele prefira ficar apenas na cidade. Sou o mais novo dentre os quatro filhos, o mais velho Kadish, homem sério é quem atualmente toma conta de todos os negócios de nosso pai. Siranus veio logo depois, e também preferiu a vida em Deheon, mas de um modo diferente, servindo de guia para estrangeiros, é muito divertido e brincalhão.

Alguns anos depois mamãe concebeu a bela Kamilly, a minha adorada irmã, doce e meiga, hoje casada com um amigo de Siranus, e mora próximo a nossos pais. Minha família sempre será motiva de felicidade e alegria para mim. O único amigo que mantive dos tempos de mocidade foi Tomakus Sowyar, que vez por outro me acompanha em viagens pelo mundo, um rapaz calmo e tranqüilo, mas com o grande poder físico e bom coração. Minha história como clérigo da maravilhosa Valkaria, remete há tempos que nem mesmo eu posso lembrar, pois desde que me compreendo, sempre gostei da estátua de minha Deusa, quando garoto sempre ficava a observá-la com admiração total, muitas vezes fugindo de minhas obrigações no mercado central com meu pai e irmãos. Até que uma vez aos 16 anos, adormeci sob os pés de minha amada Valkaria, e tive um sonho que me revelou toda minha vida, mostrou-me que minha Deusa me chamava e clamava por minha ajuda! No sonho Valkaria, maldosamente acorrentada me dizia que em breve seria libertada e que precisaria de meu humilde corpo mortal para espalhar sua grandeza por toda nação e além. Quando acordei me senti extasiado e fui logo contar tudo para meus pais, que não gostaram da minha idéia de ingressar na igreja de minha querida Deusa. Mas com o tempo perceberam que minha devoção era maior que qualquer oficio que eu pudesse ter na vida, e com sua benção parti.

Logo que fui aceito na igreja de minha amada Valkaria, estudei fervorosamente por longos cinco anos, sendo um dos melhores alunos, nas artes religiosas e físicas, me especializando em uma arma que me chamou muita atenção desde que a usei pela primeira vez, uma maça de guerra. Meu esforço foi compensado com o clericato quando atingi os 21 anos. Mas ainda não achava que a hora de partir tinha chegado, por isso permaneci no templo, ajudando em todos os afazeres e dando aula para novos alunos. Passei alguns anos nessas atribuições, até que um dia tudo mudou em minha vida: Valkaria, a Deusa que transpassa os limites do impensável, foi libertada por um bravo grupo de heróis.

Lembrei-me do sonho que me fez iniciar essa vida gloriosa e percebi que minha querida Deusa, havia me escolhido previamente e era chegada à hora de estender sua grandeza e minha fé por todos os cantos desta terra, até onde nem mesmo existam seres que compreendam a magnitude de Valkaria, destruindo também os malditos que blasfemarem contra a maior de todas as divindades!

No dia em que estava pronto para partir em minha eterna missão, um homem há quem muito devo meus ensinamentos e habilidades, me chamou num canto do templo, ele possui uma constituição muito acima das de um simples homem, de seu rosto apenas vejo os olhos, pois sua armadura cobre a maior parte. Seu nome é Gellen, o sumo sacerdote de Valkaria! Ele me falou que eu tinha o coração de um guerreiro e a vontade de nossa Deusa, e que para ser bem sucedido em minha empreitada, teria que vencer muitos desafios e perigos, para que eu pudesse um dia erradicar todo o mal de Arton e tornar a esplendorosa Valkaria, conhecida por todos, eu precisaria de algo de muito poder, e assim ele me entregou A Tocha do Horizonte, uma arma incrível, capaz de devastar os mais temíveis seres deste mundo e me tornar poderoso o suficiente para elevar meu poder ao infinito. Muito agradecido com este gesto honro as palavras de Gellen, e me orgulho muito da Tocha, uma arma incrível. E assim começou minha jornada pelo mundo.

domingo, 28 de outubro de 2007

Breve Apresentação

Cada vez que meus olhos cerravam, eu podia ouvir os sons de lâminas transpassando o ferro bruto. O tilintar do aço contra seres antes inanimados e o cheiro de sangue e suor de meus companheiros exalava por todo o ambiente, mesmo com a batalha já findada. Uma fração de segundo se passou até que novamente eu abrisse meus olhos para então compreender que havíamos derrotado aqueles seres malignos que serviam de guardas naquele aposento. Um salão realmente grande e que com o cessar da luta parecia meio morto, nas profundezas de um castelo há eras abandonado, onde a luz faltava por todos os lugares, mas que neste aposento em especial, parecia nunca ter havido. Não fosse a ajuda de minha Tocha do Horizonte iluminando o local, eu mal poderia ver o restante da Legião.

Dez grandes colunas de mármore negro se enfileiravam divididas em dois grupos de cinco pelas laterais desse aposento, se erguendo por cerca de oito metros, sustentando o andar superior por onde viemos momentos antes. Uma coisa que sempre me chamou atenção na Legião do Crepúsculo, é o fato de sermos um grupo razoavelmente diversificado, mas que apesar das diferenças sempre nos relacionamos de forma amistosa, sendo essa uma das maiores diferenças que temos de outros guerreiros ou aventureiros. O bom humor dos anões Dook e Tharink, à despeito de sua raça ser considerada por vezes rabugenta, sempre estão sorrindo e fazendo piadas com as mais diversas situações mesmo quando derramam litros de sangue nas batalhas.

E como de costume ambos contavam as armaduras abatidas em combate para em qualquer noite e taverna que fosse, bradarem seus feitos regados a litros de cerveja. Ao mesmo tempo meu pequeno amigo Jamal não escondia sua natureza ladina ao procurar quase que desesperadamente por riquezas escondidas em todos os cantos possíveis e inimagináveis do lugar. Mesmo que eu não concorde com todas as suas ações, não posso de maneira alguma recriminá-lo, pois suas habilidades já nos salvaram a vida incontáveis vezes desde que nos conhecemos. Quanto à mim o que dizer? Um fiel servo de Valkária que preza tanto aventurar-me pelo mundo quase como o sentimento por minha Deusa. Neste instante meus pensamentos são interrompidos pela voz grave de Tharink:

- Balthus, não temos a eternidade para te esperar! Vamos, o Jamal está examinando o corredor à frente para ver se não á problemas.

Quando me dei conta, o garoto já estava se embrenhando na escuridão da escadaria, senti um leve desconforto em deixá-lo fazer isso, mas foi mais uma sensação fraternal que medo. Mas afinal, era nosso único caminho mesmo.

- Dook o que você está vendo?
- Pouca coisa Balthus, por causa de uma inclinação no corredor não posso ver além, não é uma questão de luminosidade, mas de falta de ângulo. Mas até onde a vista alcança, aparece um corredor escavado na pedra e até bem feito para algum ser que não seja anão, mas curto demais e bem extenso com degraus que se perdem nessa inclinação que te falei.

Perguntei por causa da minha falta de visão já que sou o único da Legião sem habilidades específicas para enxergar no escuro como os anões ou com algum apetrecho para tal, como os que Jamal frequentemente utiliza nessas ocasiões. De qualquer forma, esse era nosso caminho, a aventura nos chamava, então me juntei aos outros para enfrentar o que fosse, assim éramos nós, mais que um grupo, mais que destemidos e valentes, éramos a Legião do Crepúsculo!